O inconsciente em nossas relações, por Adamo Brasil


Desde os primeiros dias de nascido aprendemos a interagir com as pessoas e com o meio.

Choramos para nos comunicar, abrimos os olhos e recebemos rajadas agressivas de luz, sendo necessário se habituar, se acostumar com a nossa visão. Nossos pulmões se abrem involuntariamente, absorvemos o ar ao nosso redor e expelimos substâncias de volta ao meio.

Assim vamos aprendendo a deixar nossa fase egóica e entender que há um mundo ao nosso redor, vamos nos deparando com o princípio da realidade, e isso nos frustra, como nos conta muito bem o Dr. Donald Winnicott. No decorrer da vida vamos criando padrões e estabelecendo parâmetros que serão repetidos involuntariamente por nossa mente, vamos filtrando o mundo de acordo com aquilo que elegemos (conscientemente ou não) como significativo.

Olhamos para um colega de trabalho e o enxergamos nosso filho, olhamos para nosso filho e projetamos nossos cônjuges, esses por sua vez representam nossos pais e assim sucessivamente. Confundimos em diversos níveis as diversas pessoas que estão ao nosso redor.

Observando algumas relações de maneira mais cuidadosa é bem fácil perceber esses elementos.
Uma das relações que mais me chamou atenção foi de uma gerente de uma equipe, que tendo sua infância roubada pelas dificuldades familiares e seus anos dedicados exaustivamente à sua formação profissional, encontrou em um jovem aprendiz seu apoio. E o transformou, não somente em pupilo, como também em ícone de exemplo para a equipe. Óbvio que dentro dela estava tudo perfeito, era alguém que ela ajudou a formar e que de forma exemplar era exibido pelos corredores da empresa. Já pra equipe era um sofrimento enorme. Um olhar profissional para aquela relação mostraria o quanto de processos inconscientes estavam entrelaçados, ela maternal, ele obediente, perfis complementares. Provavelmente o conflito seria quase nulo, o que é bom por um lado e péssimo por outro.

O conflito amadurece, enriquece o ser. Caso seja bem conduzido o conflito aperfeiçoa nossa perspectiva e amplia o nosso olhar.

Assim terminamos nossa reflexão, a ideia que somos naturalmente pressionados ao relacionamento e à interação nos induz a nos preparar para a divergência, para a problematização e para a compreensão do mundo e do outro como parte deste mundo.

Em tempos modernos é cada vez mais importante esse convívio, e somente a prática nos dá habilidade para manejar os diversos interesses necessários ao conviver com outro ser humano.

A.B.
Psicanalista e hipnoterapeuta
(88) 9.9971.1617

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